Crenças, verdades absolutas e significados que damos à realidade
“Gosto que olhem para mim quando falam comigo.”
Ontem decidi andar na rua mais atenta ao que dizemos. O objetivo era estar com a escuta mais ativa e perceber os padrões linguísticos das pessoas que me rodeiam. Tudo isto porque estava a fazer um trabalho sobre crenças e queria ter a experiência real do dia a dia.
Percebi que às vezes, fazemos relações de causa-efeito entre situações ou generalizamos a realidade criando na nossa mente resistências que podem ser muito limitadoras. Estas resistências ou verdades absolutas são aquilo a que chamamos crenças.
Uma crença é uma afirmação muito real para nos, um facto que assumimos como absoluto que nasce na infância, talvez por experiências vividas, resultados passados ou padrões sócio culturais. O que pode ser e está por trás de uma crença?
- Um dialogo interno.
- Uma imagem que aparece sempre que estamos perante uma determinada situação.
- Um padrão de pensamento.
- Uma proteção com uma intensão positiva.
- Uma fuga ao medo.
- Uma forma de evitar a ansiedade.
- Uma opinião que pode ser baseada em factos reais mas não ser real neste momento.
A forma como pensamos é uma escolha, mas às vezes os pensamentos aparecem automaticamente e nem estamos a perceber que estamos a limitar a nossa ação através da dúvida, do medo, da ansiedade, da insegurança…
Há um processo para mudar uma crença ou um pensamento limitante:
Identificar a crença
Para percebermos se temos alguma crença e saber qual é podemos seguir estes 3 passos:
- Pensamos em algo que queremos muito e que não está a acontecer. Um objetivo, um sonho, uma grande vontade…
- Percebemos qual é o impedimento. Porque é que não está a acontecer? Quando eu digo que quero isso, existe um “… mas…” logo a seguir? Por exemplo, eu quero muito sair desta relação mas… Ou eu costumo começar o meu objetivo pela palavra “se”, por exemplo, “se eu tivesse coragem eu ía!”.
- Identifico a crença. Este “mas” ou este “se” são a minha crença limitante e agora sei qual é.
Confronto os factos
Depois de identificada a crença começo a questionar o seu valor e verdade. O que quero é encontrar contra exemplos que contradigam a generalização que foi feita na crença. Para ser mais fácil a compreensão vamos dar aqui exemplos de algumas crenças que ouvi:
- “Se não olha para mim, não está interessado!”
- “Dias de chuva corre sempre mal!”
- “Ninguém tem interesse nisto…”
- “As pessoas desta empresa são todas muito melhores que eu.”
- “Nunca vou conseguir.”
- “É demasiado para mim…”
As crenças estão associadas a generalizações, distorções ou supressões da realidade, os chamados Metamodelos da PNL. Ou seja, estamos a por “todos no mesmo saco”, a restringir todas as possibilidade que existem ou a distorcer a realidade dando-lhe o significado que queremos.
Quando aquilo em que acreditamos, e afirmamos, nos está a limitar uma solução é questionar:
- Alguma vez eu não olhei e isso significou algo diferente?
- Alguma vez correu bem em dias de chuva?
- Ninguém…?
- Conheces alguém que já tenha feito…? Como fez…?
- Todas as pessoas…?
- Consegues lembrar-te de uma vez que conseguiste?
Mudar uma afirmação para um questionamento abre possibilidades.
Alterar a afirmação ou crença
Depois de questionada a crença queremos substitui-la por outra. A ciência por trás disto é que já está provado que o cérebro não deixa de pensar, assim, se queremos eliminar uma crença devemos substitui-la por outra.
Pensemos nisto:
- Que outras hipóteses existem…?
- Será que te questionas sobre se poderá correr bem em dias de chuva?
- Em que é que quero eu acreditar em vez disto?
Os nossos pensamentos e as nossas ações estão relacionados por isso, para pensarmos diferente devemos fazer diferente e para fazer diferente devemos pensar diferente. Ao querermos substituir uma crença devemos altera-la por uma afirmação possibilitadora e baseada em fatos. É normal que no principio vá soar estranho porque ainda não estamos a fazer nada que se alinhe com esse novo pensamento.
Ou seja, eu tenho de por a hipótese de que pode correr bem em dias de chuva para que consiga organizar os meios e preparar-me para tal, para que depois possa passar pela experiência e fazer. A sugestão é insistir nessas novas afirmações regularmente… até escreve-las em locais visíveis e ao mesmo tempo…
Passar pela experiência
… Partir para a ação. Após a nova afirmação definida devemos perceber quem temos de ser e o que vamos fazer para avançar.
Qual o próximo passo?
Ser real em relação aos factos é o inicio de um processo que termina com uma mente mais aberta, mais flexibilidade de soluções e melhores resultados. Às vezes, ao ajudar a mente ela torna-se no nosso maior aliado :).
É pensar nisto: que facto contradiz a tua crença? O que aconteceria se conseguisses? Como podes saber se vai resultar…?
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