Às vezes gostava de parar de ter objetivos para que a minha mente abrandasse, mas na verdade, parar de ter objetivos é em si um objetivo. Assim, de há alguns anos para cá foquei-me em desenvolver um método de como definir objectivos e estratégias para os atingir.
Ou seja, o ser humano move-se para fazer algo. Está provado por experiências feitas no laboratório Stanford Mind & Body Lab que ter um objetivo especifico é o que nos ajuda a decidir, vencer receios e desenvolver coragem.
Durante o dia temos mais 6000 pensamentos, e esses pensamentos são a nossa mente a tomar decisões. Decisões sobre se fico ou se vou, de digo ou não digo, se arrisco ou mantenho, se paro ou avanço, se critico ou fico calado, se é para mim ou é um erro, etc.
O que nos leva a tomar decisões é querer a mudança. Podemos mudar para atender a uma necessidade básica, podemos mudar para sair do sitio onde estamos ou para ir para outro destino. Se pensares bem quando vês alguém a andar na rua, essa pessoa ou está a afastar-se de algo ou em direção a algum lado. Podemos perguntar o que fará alguém estar parado no meio da rua? Imagino que um momento de pausa para uma outra reflexão, ou decisão… Deixo-te a refletir sobre a resposta…
O meu modelo de como definir objetivos e estratégias para os atingir.
No meu trabalho com clientes, criei um modelo de objetivos que apelidei de GGS – Golden Goal Setting. Durante alguns anos utilizei vários modelos conhecidos, mas em todos eles faltava algo, ou especificidade, ou preparação, ou plano, ou intenção… até que, através da minha experiencia e dos estudos de comportamentos sociais de Emily Balcetis encontrei o modelo que para mim é mais completo.
Em que é que o GGS é diferente
Dos modelos SMART, ABC, PACOTE VERBAL, OBJETIVOS BEM ELABORADOS, EXACT, e outros, nasceu este meu modelo de quatro fases: Definir, Testar, Planear e Otimizar.
DEFINIR. O que quero?
O objetivo começo pela sua definição. Esta definição isolada não é um objetivo bem elaborado, é sim, uma noção abstrata e intencional de algo que queremos. Esta intenção e aspiração são fundamentais para nos dar foco e, ainda assim, necessitam de três outras fases para que não se transformem o nosso objetivo numa fantasia.
TESTAR. Mesmo?
Ao dizermos para nós que queremos algo é necessário perceber se é mesmo importante, se é mesmo para nós, se somos os únicos responsáveis e se é possível. Só assim testaremos a motivação que vamos sentir perante esse objetivo. No TESTAR observamos a importância (motivação), o alinhamento pessoal, a responsabilidade e a possibilidade. Tendo estes passos congruentes podemos passar para o seguinte.
PLANEAR. Como?
Sem plano, todo o sonho é uma ilusão. Isto é, é através de o plano que também podemos testar a possibilidade de um objetivo. Através das perguntas: como especificamente? E o quê especificamente? conseguimos começar a traçar uma serie de estratégias e comportamentos que nos permitem alcançar o objetivo. Nesta fase tomamos consciência do plano, das escolhas mais acertadas, do que há a evitar, dos recursos e das competências necessárias.
OTIMIZAR. Plano B?
Ao otimizar conseguimos olhar para lá do que pode correr bem, colocando na preparação o que pode correr mal. Esta fase é um incentivo à nossa criatividade, flexibilidade e capacidade de observar desafios.
Em todas estas fases existem perguntas poderosas, não fosse esta área do treino mental um estimulo à expansão de novas soluções. As perguntas vão ajudar a ganhar clareza sobre todo o processo e são a base de varias dinâmicas e exercícios na Formação que dou de Mindset no Desporto. Ou seja, ao questionares-te de forma correcta vais ajudar a tua mente a encontrar soluções para os obstáculos que te podem impedir de chegar onde queres.
Porquê o plano B?
Há alguns anos Michael Phelps estava a uma medalha de se tornar o recordista mundial de medalhas nos 200 metros mariposa. Já tinha conquistado sete e esta seria a sua oitava medalha. Percorridas duas piscinas, 100 metros, os óculos encheram-se de água. Para qualquer nadador isso poderia ter sido o impedimento para chegar à medalha, mas não o foi para Michael Phelps. Na sua preparação ele fez a pergunta poderosa: o que é que pode correr mal?… e esta foi uma das hipóteses que surgiu: “posso ficar com os óculos cheios de água”.
Durante meses treinou os 200 metros sem óculos o que o levou a conhecer o seu desempenho como ninguém e saber de cor quantas braçadas, na sua ótima performance, levaria a percorrer uma piscina olímpica. Este plano B, rendeu-lhe uma medalha olímpica.
Porque razão ouvimos todos os procedimentos de segurança antes de levantarmos voo? Será assim tão prejudicial estarmos a pensar no que pode correr mal? Provavelmente não, porque quando estamos perante a situação de stress ou pressão, o nosso nível de recursos é limitado e não vamos conseguir, em pouco tempo, encontrar as estratégias e soluções necessárias.
Este dois exemplos servem para demonstrar a importância da fase OTIMIZAR do modelo GGS.
Aplica na prática
Aplicar estes pontos pode transformar a forma como estás a agir e se quiseres obter resultados mais sustentáveis, aumentar a motivação e ativar um Mindset mais possibilitador junta-te a nós nos eventos presenciais onde terás acesso a este modelo com as suas prguntas poderosas e onde contigo vou elaborar uma definição de objetivos que te coloca mais perto dos resultados.
O próximo evento é o de Mindset no Desporto, 10 horas de momentos com experiências únicas e exercícios práticos para que a aprendizagem seja percepcionada, e não só observada.
Lembra-te de pensar no que queres, testar essa intenção, planear os meios operacionais/competências para chegar lá e otimizar os processos. Ao percorreres estas fases estarás mais seguro e confiante o que te permitirá chegar lá quase sem dares por isso.